O modo operativo da Composição em Tempo Real
A prática do método de Composição em Tempo Real
desenvolve-se em estúdio a partir de um dispositivo de jogo extremamente
simples, com um enquadramento espacial bastante claro (um "dentro" e um "fora") e temporal (um "antes" e um "depois"). No início, os participantes encontram-se “fora” do espaço
de jogo e o trabalho começa exatamente a partir do momento em que a atenção dos
participantes se concentra no espaço “vazio” da área de jogo. É esse olhar que dá início ao
acontecimento.
O trabalho propriamente dito, desenrola-se num “vai e vem” entre o espaço de “fora” e o espaço de “dentro”. Por isso, não existe nesta prática uma diferença hierárquica entre quem faz e quem observa, podendo o participante trabalhar intensamente sem nunca ter “feito” um único gesto. Na verdade a haver um objetivo com este trabalho será o de dotar o praticante da capacidade de se observar enquanto faz e de fazer enquanto observa.
O trabalho propriamente dito, desenrola-se num “vai e vem” entre o espaço de “fora” e o espaço de “dentro”. Por isso, não existe nesta prática uma diferença hierárquica entre quem faz e quem observa, podendo o participante trabalhar intensamente sem nunca ter “feito” um único gesto. Na verdade a haver um objetivo com este trabalho será o de dotar o praticante da capacidade de se observar enquanto faz e de fazer enquanto observa.
O modo de operação básico consiste na aplicação
de um conjunto de princípios e regras, numa lógica cumulativa e circular, só
interrompidas por momentos de feed-back cirúrgicos e intensos - sendo este um instrumento central no processo de transmissão. A condição prévia para que o trabalho seja bem
sucedido é evitar ações reflexas e, por definição, precipitadas. A razão é
simples: uma das principais ferramentas-conceitos deste método é o "reparar", que auxilia o praticante a desenvolver a capacidade
para se ganhar tempo de forma a poder mapear uma situação, criar hipóteses de
relação e, quando o tempo (real) chegar, decidir e agir. Numa situação em que o
participante age por reflexo, por impulso, sem ter em consideração a situação
em si, mas a sua própria vontade, a sua necessidade pessoal, esse tempo não
existe. Por isso, grande parte do treino consiste em praticar a “espera”, o "reparar", o “não saber”... e o "saborear".